26 de jan. de 2009

A cama desarrumada revela o segredo do seu corpo, do seu conto, mais um ponto.
Do seu corpo que o profundo toco, desbravo e me esbarro em fins, términos. E fica o formato no meu lençol, fica o fio de cabelo no travesseiro. Do seu cinzeiro ainda sai fumaça. Mas na minha cama, a bagunça de uma noite passada. 
Pelo chão, garrafas, fragmentos de fatos em flashes na memória. Lembro de como te chamei (ou foi aquela cachaça que te interessou?), de como te mostrei. Você viu, riu, sentiu e deixou o formato da palma em minhas costas, das coxas sobre as coxas, do perfume no meu umbigo, o rastro, a marca. Mas já não os vejo.
Vejo a fumaça, a garrafa, a cama, o cabelo. o nosso segredo.
:
A cama solitária, desarrumada.

7 de jan. de 2009

Quase que me sinto em casa entre suas asas.

Brasília fica linda paras as festas de fim de ano, toda colorida. Árvores de Natal gigantes, ministérios piscando, praças cheias de poder, de pipoca, de turistas. Os olhos se enchem de encontros, os lugares são conhecidos pelas manchetes, escândalos, furos de reportagem, mas para as festas, Brasília tem menos políticos e mais brasileiros. Muita gente viaja fugido de lá, ver o mar, verdade, mas muita gente corre pro Paranoá e tem ainda quem não queira sair de lá. 
Férias sempre trás momentos fugidios, únicos, que depois ficam martelando eternamente na cabeça de quem viveu e não viverá mais. Tudo nas férias tem um tempo determinado; se estivéssemos falando de praia, diríamos que assuntos praianos não sobem a serra, mas se tratando de Brasília (e da geografia do Centro-Oeste), fico devendo uma abordagem mais cartográfica. 
E não só na falta de uma abordagem cartográfica que perde uma garota que deixa o coração em Brasília (não necessariamente com alguém nascido lá, porque nativos da terra é espécie rarissima), ela perde também o básico de um namorico de férias: beijos no mar, abraços na areia. Talvez ela se divirta vendo embaixadas do mundo todo no Setor das Mansões ou fazendo um romântico passeio por dentro do Congresso e do Senado. Será que um casal mais audacioso já tentou fazer amor na conchinha niemeyerana? 
Divagações a parte...
Em Brasília parece que todo mundo sabe um pouco mais de tudo, de política, de poder. Não é fácil ter uma conversa fofa entre protestos, mensalões e denúncias, na verdade, que jovem de Brasília vai querer ter uma conversa fofa com tudo isso acontecendo? Ele estará ou protestando, noticiando tudo isso ou ainda querendo discutir tudo no maior calor do momento com a amada. Não é nada fácil, Brasília não é para novatos. 
Mas ainda penso que é pior para os caras que se apaixonam por garotas de Brasília. Imagine só, como um cidadão de São Paulo, uma cidade cheia de placas, mapas (inclusive online) e ótimos GPS de posto de gasolina (como os frentistas sabem tanto?) tendo que buscar seu broto na Asa Norte, ou em algum W? Se a garota der a rua em graus, vai melhorar? Endereços parecem terem sido retirados de uma prova do ginásio: não-sei-quantos graus, latitude, longitude, ...pior será se ele perguntar o bairro. Acredite, você ainda pode se apaixonar por alguém que more no SHIS. Ou no Guará, o que parece pior, pelo que pude entender.
Mas quem, em Brasília, só faz amigos, também não está assim tão em vantagem. Não vi botecos por lá, daqueles de esquina, de bebâdos jogando sinuca numa segunda, 16h. Então onde tomar aquela cervejinha a tarde, quando o trabalho da uma folga inesperada? Em Brasília tudo tem espaço certo, hora adequada, bar pra jovem, bar pra velho. 

Mas esse texto não veio para criticar a capital desse país, mas sim pra mascarar minha saudades daquele lugar, da ponde JK, dos jacarés do Paranoá. 

Se você, único leitor desse blog, está pensando em viajar, considere ir pra lá, funde um boteco e me mande um e-mail. Mudo na hora!