25 de jul. de 2008

frustrante.

É horrível sentir-se frustrado. É o pior sentimento do mundo. E pode tentar descontar no namorado, na mãe, no cachorro, que não adianta. Frustração com a gente mesmo. De dentro para dentro.
Uma tarefa não realizada como se esperava já é motivo para a frustração. Não importa que digam que ficou bom, que você foi bem, que gostaram ou até se admiraram, pois a auto-admiração é fundamental para evitar a frustração. E, claro, auto-admiração você não encontra nos links desse blog (creio que nem de qualquer outro). Mas, se nos sentimos assim, por que somos tão rígidos conosco?
As pessoas criam sempre expectativas. Num relacionamento paternal, as dos filhos acabam por volta dos 13 anos. Num namoro, elas podem ser letais. E as expectativas que criamos em cima de nós mesmos, e que nos levam prum alto grau de frustração, não são diferentes. Logo, só há uma forma de não sentir-se tão frustrado: não criar expectativas, ou, em outra palavra, despretensão.
A despretensão pode salvar o mundo!
Faz pouquíssimo tempo que meu pai me disse que num relacionamento se deve fazer coisas sem esperar nada em troca. E, apesar de já ter passado dos 13, eu concordei. Quando se faz algo sem desejar recompensa, há despretensão, paz. E em um relacionamento me-myself-and-I isso é fundamental. Cantar pelo prazer de cantar, ler pelo prazer de ler, escrever pelo prazer de escrever. Satisfação em se fazer e não em ser, no ato e não nos louros.
Não sei bem, mas talvez isso faça de nós pessoas mais realizadas e menos realizadoras.

É perfeitamente razoável querer dançar melhor ou ter uma aparência melhor – quando você começar a perder o prazer se outros dançarem melhor que você ou tiverem uma melhor aparência, então você está indo na direção errada.
C.S. Lewis.
(http://solomon1.com/a/?p=92)




esse não é um texto de auto-ajuda. eu juro!
=)

24 de jul. de 2008

Calma.

Todos os dias, no mesmo lugar, as árvores olham todo o dia passar. Numa ilha entre duas mãos de uma avenida, as árvores ficam altas e imóveis. Essa paz julga constantemente a correria dos carros, de um lado e do outro, passando velozes, atravessando cruzamentos, lutando contra o tempo. As árvores não lutam contra o tempo. Elas o aceitam e o acolhem dentro de seus troncos que, a cada tempo, ficam mais grossos, fortes e sustentados.
Motos, carros e caminhões se apressam enquanto no alto poucas folhas se mexem, e se se mexem, é por que dançam conforme o vento. Não o ventinho criado por carros velozes, mas o vento de verdade, aquele que já não se conhece o cheiro.
Mas esse texto não tem mais motivo de ser, pois eu soube que o prefeito retirará essa ilha de árvores para fazer mais uma psita na avenida.
Não há lugar para calmaria nessa cidade.

17 de jul. de 2008

palavra.

queria falar sobre essa noite bonita e quente, mas ñ conheço as palavras para dizer.
não conheço palavras o suficiente para o que sinto. logo, não sei o que sinto, posto que só se conhece o que já
tem palavra pra significar. signicado.
eu via os casais caminhando abraçados dentro da noite paulistana. não era uma noite calma, mas casais acham paz
pra se abraçar até em são paulo. eu via o sinal ficando vermelho, amarelo, verde e vermelho. eu via meu cigarro queimando no
cinzeiro a fumaça que voava e aí eu já não via mais.
eu via os copos passarem pela mesa vermelha do bar. diante da minha cadeira. e passavam as garrafas, uma após a outra. o
pensamento só se elevava aos poucos.
sozinha é mais fácil de pensar, de entender. no coletivo se tem um conto. sozinho se faz poesia. ou até de casal, mas nesse
caso também se é sozinho. sozinhos.
eu gosto de estar perto da onde se tem arte. eu via as pessoas saindo do cinema e me interessa muito os rostos após um filme.
têm pessoas que ficam por esquinas a finco divagando com os amigos sobre aquele filme. têm os pares que saem mais juntos
ou mais separados - as vezes a arte mostra o que não se quer ver, não é fácil se ver numa tela. tem gente que entra sozinho e sai acompanhado e tem gente que vai sozinho e volta sozinho. ri aberto ou amarelo sozinho.
não conheço palavras que me digam o que eu sinto assim, sozinha. a completude da solidão é o silencio demais - que nessa cidade
é sempre de menos - mas mesmo assim é silencio.
quem sabe se a palavra que eu procuro não é meu nome?
eu não busco por abstrações, busco por palavras. não me importo se não as posso tocar ou manipular. não ligo se para mim elas não
se dão. palavra não é abstração. palavra não é poder. palavra é o que não vem.
mas então, por que agora, diante de tanta vida exterior, diante da minha cerveja, do meu cigarro... por que agora a palavra não sai?
o papel permanece em branco, minhas artérias pulsando dilatadas mas não há barulho em mim!
a palavra me diz que ela é poesia por que é o silencio. o sozinho. os meus nomes que não digo a ninguém.